quarta-feira, março 27, 2002

Há alguns dias fiquei impressionada com uma das manchetes do Jornal Nacional. Para a minha surpresa, ouvi algo mais ou menos assim: "Governo dos EUA querem destituir um brasileiro da ONU por atrapalhar seus planos de atacar o Iraque". Eu fiquei super interessada, ouvi a reportagem, fiquei de pesquisar depois sobre o assunto, mas, como sempre, não o fiz. Para minha alegria, li, hoje, boas notícias sobre o assunto em um dos jornaisde grande circulação na minha cidade, A Tarde. Para falar melhor sobre o assunto, vou colocar aqui uma reportagem de alguns dias atrás:

19/03/2002
EUA querem demissão de brasileiro da ONU

Genebra - O poder dos Estados Unidos sobre as ações da Organização das Nações Unidas (ONU) nunca foi um segredo entre a comunidade internacional. Mas nas últimas semanas, o governo George W. Bush tem deixado esse poder bastante claro ao pedir que alguns dos diretores de agências da ONU se demitam por não atenderem aos interesses da Casa Branca.
O caso mais escandaloso tem sido o do secretário-geral da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opeq), o embaixador brasileiro José Maurício Bustani. Gordan Vachon, o porta-voz do brasileiro, confirmou à AE que os norte-americanos se aproximaram a Bustani para pedir seu afastamento.
Segundo o porta-voz, "a Casa Branca sequer chegou a dar uma explicação" sobre o motivo de seu desejo. Mas nos corredores da ONU, em Genebra, o principal comentário é de que Bustani teria implementado o seu mandato "ao pé da letra", o que incluía inspeções não apenas aos países "inimigos", mas também às fábricas químicas nos Estados Unidos. Outro motivo seria o plano dos Estados Unidos de atacar o Iraque caso fique comprovado que Bagdá estaria produzindo armas químicas, propostas que seria contrária às idéias de Bustani.



Bem, como disse Bustani, agora podemos dizer que uma das batalhas foi ganha, mas ainda ocorrerão outras pela frente, já que os EUA não irão desistir disso. A reportagem que li hoje foi a seguinte:

27/03/2002
Bustani diz que permanência no cargo fortalece a Opaq

Brasília - O embaixador brasileiro e diretor-geral da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq), José Maurício Bustani, afirmou ontem, depois de participar de uma reunião com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, que a integridade e a dignidade da organização depende de sua permanência no cargo.
O embaixador recebeu um pedido da Casa Branca para renunciar à direção da Opaq por má administração, mas a reunião do conselho executivo da entidade na última sexta-feira, na sede em Haia (Holanda), não aprovou o pedido de não confiança.
Segundo o embaixador, já havia uma percepção dos países membros de que a convenção para a proibição de armas químicas estava sendo implementada de uma maneira correta e não discriminatória.
Sardenberg afirmou que o trabalho desenvolvido pelo diretor da Opaq é de alto interesse para a paz mundial e respeito aos princípios da objetividade e imparcialidade que devem reger todos os organismos internacionais.
Na ocasião, Bustani lembrou que o Ministério da Ciência e Tecnologia é responsável pela Secretaria Executiva da Autoridade Nacional Brasileira sobre a proibição de armas e que essa foi uma excelente oportunidade para trocar idéias com o ministro sobre o trabalho da organização.

Seminário

Bustani, participou ainda em Brasília de um seminário sobre medidas de prevenção e resposta aos acidentes ocasionados pelas armas químicas.
O seminário internacional sobre Defesa Civil e Proteção e Assistência contra as Armas Químicas, que foi inaugurado ontem à noite pelo ministro da Integração Nacional, Ney Suassuna, vem despertando um grande interesse, justamente pela presença de Bustani, que sexta-feira passada saiu vitorioso depois de um pedido de destituição formulado contra ele pelos Estados Unidos.
Em declarações à imprensa, Bustani assinalou que desconhece as verdadeiras razões que levaram Washington a exigir sua cabeça, mas as atribui, possivelmente, à sua política a favor da participação de Iraque, Egito, Líbano, Síria e Coréia do Norte na organização.
O diplomata brasileiro acha que na sexta-feira passada ganhou uma batalha, mas não a guerra, já que Washington fará tudo para garantir os votos necessários para sua destituição na assembléia extraordinária que deve convocar no prazo de 30 dias.

Moção de apoio

O Congresso Nacional enviará a parlamentos do mundo inteiro a moção de apoio ao diretor-geral da Organização para a Proscrição das Armas Químicas (Opaq), José Maurício Bustani, aprovada em plenário no último dia 21. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Câmara Aécio Neves, em audiência com Bustani e membros da Comissão de Relações Exteriores. "Nossa reação de solidariedade à sua gestão foi natural e de reconhecimento ao desempenho como diretor da Opaq", declarou o presidente. "Estamos à sua disposição para essa luta".
O governo americano quer destituir Bustani do cargo por discordar da política de atrair Iraque, Síria, Líbano e Coréia do Norte, defendida pelo diplomata brasileiro. Isso porque o presidente americano, George Bush, acha que o Iraque produz armas de destruição em massa. Bustani defende a entrada desse país na Opaq como forma de garantir que ele seja inspecionado. O diplomata entende que a tentativa de destituí-lo do cargo é uma forma de "golpe de Estado"."?Não há base legal para destituir um diretor no meio de sua gestão", esclarece. "Os Estados Unidos precisam aprender a conviver com o resto do mundo democraticamente".

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