quinta-feira, abril 10, 2003

Às vezes eu percebo que todo o meu sofrimento é insignificante diante do sofrimento de algumas famílias africanas, algumas famílias iraquianas e até de algumas famílias brasileiras. Viver dói.

segunda-feira, abril 07, 2003

Cheguei a um ponto de muito sofrimento. A dor é tanta que a cabeça e o coração só pedem descanso. Nós temos que viver acreditando em dias melhores. Acreditando que minha mãe voltará para casa, sorrindo, feliz por ter ultrapassado mais essa barreira.
Ô doença ingrata!

domingo, abril 06, 2003

"Ain't no sunchine when he's gone"
O momento é difícil, mas são grandes as lições.

Eu estava valorizando os amigos demais e deixando minha mãe de lado. Ainda bem que na semana em que ela foi internada, eu acompanhei tudo. Eu que a levei ao médico, eu estive por perto todo o tempo. Se tivesse deixado que ela fosse ao médico sozinha, estaria profundamente arrependida.

Alguns são amigos só de balada, outros são amigos de balada e sofrimento. Julai, muito obrigada pela sua preocupação. Acho que você foi sensível o bastante para perceber como eu estava mal. Thay, eu sei que você tem me procurado, mas não tem me encontrado. Infelizmente, pq nossos horários chocam. Tenho recebido teus recados, me perdoe se não devolvo as ligações, é que ando meio sem cabeça para ligar pras pessoas, só consigo receber ligações. Alguém que não virá a ler esse post, mas que também tem se mostrado muito prestativa é minha prima, também Juliana. Ela ficou a semana toda dizendo que viria para Salvador para me ver, pq tava percebendo a tristeza na minha voz. Só não veio pq eu já tava bem animada na sexta-feira, quando recebi a notícia que minha mãe estava indo para o apartamento. Rui também não terá acesso a esse blog, mas consegue me escutar e me fazer sentir melhor. Rafael Orge, colega de estágio, também tem feito isso, tem me abraçado quando chego triste e tentado me animar. Rodrigo tem sido prestativo, tem se mostrado sempre pronto a me ajudar, para que eu possa me sentir o mais confortável possível. Karlinha segurou a barra no estágio, quando eu precisei. Thainá é sempre uma boa pessoa para se conversar nos momentos mais tristes, ela sabe o que é esse sofrimento. Amadeu me liga sempre que pode. Robson tem se preocupado e me procurado diariamente, mesmo que às vezes ele me agonie mais do que me acalme.

Não posso esquecer dos amigos daqui da net. Os que só me conhecem pelo blog. Muito obrigada! Alguns me mandam até e-mails. Me perdoem se às vezes pareço dar pouca atenção! Tenho lido tudo e as palavras me servem como combustível, mas nem sempre consigo responder, principalmente no caso dos comentários aqui do blog.

Aprendi que as pessoas não são o que parecem ou dizem ser. Pensei que algumas pessoas seriam extremamente prestativas, amigas, presentes, mas percebi que não. Me decepcionei, mas bola pra frente. às vezes valorizamos as pessoas erradas. Todos que citei logo acima têm se esforçado para me demonstrar carinho e atenção.

Isso tudo serviu para unir a minha família. Não a família grande, as minhas tias e minha avó estão em pé de guerra. Mas eu, meu pai e meu irmão realmente nos unimos. Acho que essa foi a primeira situação de nossas vidas que sofremos muito e que acabamos percebendo que precisávamos nos unir para sobreviver. Ouvir palavras de conforto do meu pai foi maravilhoso! Nunca imaginei que isso fosse acontecer. E receber cafuné do meu irmão, enquanto eu chorava, também foi uma surpresa.

Tem servido também para que eu exercite a minha fé. meu pai tem nos estimulado a acreditar e lutar. Ele tem nos feito participar de todo o tratamento e tem nos feito ajudar também. A cada nova possibilidade de tratamento, ele nos faz pesquisar.

E assim eu percebo que os momentos de sofrimento são feitos para que nós possamos aprender coisas novas, para que nós possamos mudar e perceber nossos erros.
Paguemos pelas escolhas erradas.