sábado, agosto 21, 2010

É constrangedor ser honesto nesse país. É besteira, bobeira. É ser "o enganado" da história. Ao ler a entrevista da Alison Brum na Época Digital - e é uma entrevista especialmente importante para mim, pois amo a língua portuguesa e tenho uma queda por tradução -, me vi assemelhada a ela.

Eis a minha história. Acordei cedo na quarta-feira, ou melhor, acordei às 6h30, a fim de sair por volta das 7h. E isso é, sim, muito cedo para o meu desajustado relógio biológico. O objetivo era percorrer 12 Km para pegar uma senha para comprar o ingresso de uma das bandas preferidas. Peguei a senha e saí para acertar coisas, enquanto a bilheteria não abria e isso estava previsto para acontecer ao meio dia. Ao voltar, descobri que as vendas não seriam naquele dia e que meu trabalhoso deslocamento (feito em duas etapas de ida e volta) tinha sido por nada. A revolta me tomou. As acusações foram duras contra todos envolvidos nessa atrapalhação. Por fim, veio uma promessa de que todos os que tinham a senha de quarta, teriam ingressos.
Não me confiei nela. Acordei quinta bem mais cedo, peguei uma senha bem menor e comprei meu ingresso, enquanto assistia ao desespero dos que não tinham senha (e esse desespero começou às 9h da manhã). Mas uma amiga muito querida não tinha ingressos. Fiquei compadecida e usei a senha do dia anterior como motivo para comprar mais quatro entradas, quando já estava tudo esgotado nas bilheterias. Consegui de uma forma não honesta, mas consegui. Sentia-me tão mal. E sentia-me pior por ter comprado dois a mais do que realmente precisava, só para revender a um preço que eu considerava razoável.
Primeiro: a dor de ser desonesta e conseguir quatro ingressos aos quais eu não tinha direito.
Segundo: a dor de revender por um preço elevado, mas bem em conta se comparado com os dos outros "revendedores". Eu cobrava 160 pilas, por algo que tinha me saído por 120. Tinha gente cobrando 180 por cada ingresso, ou seja, mais do que eu cobrei por um par.

Eis a história da Alison, narrada na tal entrevista. O que este contato profundo com a nossa língua te mudou?
Alison –
A língua é um meio de a cultura chegar à pessoa. Conforme fui vivendo, estou há 14 anos no Brasil, fui relaxando com relação a certas coisas, nesta preocupação com regras. Outro dia tive de ir à Polícia Federal avisar da minha mudança de endereço. Eu não sabia, mas estrangeiro tem 30 dias para avisar que mudou de endereço. Aí fui lá já meio brasileira, quis dar uma de que não entendia esta regra de 30 dias e ver se conseguia não pagar a multa. Passei o comprovante do endereço novo. A funcionária perguntou: “Há quanto tempo você se mudou?”. Eu não aguentei e tive de falar: “Há três anos”. Depois contei para o meu marido e virei a piada do final de semana entre todos os amigos: só gringa para pagar multa.

sexta-feira, agosto 20, 2010

Tudo inspirando por um ciúme. Um, não. Dois ciúmes. Um motivado antes, às 7h23 de 19 de agosto de 2010. Outro nasceu agora, por causa de algo que se perdeu em julho de 2009.
É tão bobo, que choro.
prazer em ser mulher, porra. esta última, uma expressão. não demonstra falta de pudor ou educação. e uma mulher se basta por ser mulher e ter peitos, não pelo pudor.
inspirado pela sensualidade vinda da Juliana Cunha

Amanhã volto a tentar uma nova mulher de 27.
Uma mulher de 22 é puro potencial. Ela pode ser tudo. E parece ser.
Aos 25, somos o que somos. Nosso potencial aparece menos. O que somos aparece mais.
Aos 27, sem potencial, sem ser. Anuladas. Se, antes, lutamos e alcançamos algo. Alívio.
Se isso não aconteceu, atraso.
Quem será a mulher de 30?

Aos homens a alegria. Bobos aos 22. Menos bobos aos 25. Menos ainda aos 27. E estes parecem tão belos às meninas que são puro potencial. Às de 27, sobram os mais bobos de todos.

|| bobagem amarga ||
|| ciúme puro ||
|| acaba por aqui ||