terça-feira, agosto 12, 2003

Confesso que tenho evitado escrever aqui no blog e até escrever alguns e-mails para não chorar. Mas às vezes é necessário chorar. É em algumas dessas horas de chôro que corro pra cá para escrever.
Pq eu comecei a chorar?! Pq eu lembrei que minha mãe me contou, certa vez, que ela morria de medo de fazer 7 anos e ficou louca para fazer 8. Ela evitava essa faixa etária: 7 anos. Segundo ela, na época tinha uma música que dizia mais ou menos assim "aos 7 anos, perdi minha mãe" e ela achava que isso iria acontecer a ela. Fim das contas?! Minha mãe se foi aos 50 anos, mas minha avó continua bem viva aqui.
Eu queria poder ter minha mãe aqui agora. Poder dizer como ela é importante para mim, poder mostrar o quanto eu aprendi com ela. Nos momentos de grande felicidade, ela me vem à cabeça, as lembranças gostosas, engraçadas que tenho dela.
Isso pode surpreender a alguns, mas tenho que dizer que sou uma menina de sorte. Apesar de todo o sofrimento que passei na minha vida. Tive a sorte de ter uma mãe companheira, protetora, participativa na minha vida. E percebo agora que tenho a sorte de ter um pai empenhado em nos fazer feliz. Minha mãe foi uma lição de vida para nós todos: para mim, para meu pai, para meu irmão, para minha avó, para minhas tias, enfim...todos que com ela conviveram. E isso tem refletido bem nos nossos comportamentos. A começar por meu pai. Ele tem se achegado mais a nós, ele tem se esforçado para nos criar como minha mãe queria, dentro de uma religião. Esse foi, com certeza, o Dia dos Pais mais importante para nós todos. Eu pude dizer do fundo do coração: "Pai, origada por tudo o que o senhor fez por minha mãe, obrigada por tudo que o senhor tem feito por nós desde que ela se foi! A vida seria muito mais dura se o senhor não se prontificasse a nos ajudar!". Ele chorou quando eu disse o quão especial ele é para nós. Isso pode parecer bobeira para quem está lendo, mas quem conhece meu pai sabe muito bem o esforço que ele tá fazendo para mudar, para se tornar um pai melhor.
Fico feliz por ter uma família tão bem estruturada. Fico feliz por saber que muito disso foi fruto de um esforço imensurável da minha mãe. Só ela e Deus sabem o que ela teve que agüentar de meu pai, como ela sofreu calada e resistiu bravamente a tudo. Não demorou muito para que ela recebesse sua recompensa: meu pai se tornou um marido extremamente dedicado, como poucos. Ele cuidou dela, deu banho quando necessário, escovou seus dentes, pesquisou outros tratamentos, procurou os melhores médicos, foi a pessoa mais atuante diante de todo sofrimento. E os dois eram o suporte um do outro, se consolavam diante das dificuldades. Hoje somos eu, meu pai e meu irmão. Nós sabemos muito bem a falta que minha mãe faz, ela era sem dúvida o nosso ponto de união. Agora nós tentamos nos unir e eu percebo que temos conseguido. Percebi pelos abraços e beijos que meu pai tem nos dado, ele nunca foi uma pessoa de dar carinho. Nós só temos que agradecer a nossa mãe!