sexta-feira, outubro 01, 2004

Eu precisava falar aquelas coisas. Precisava falar o que estava explodindo em mim. Uma sensação de que eu estava levando a relação de uma forma pouco sadia. Medindo ações, contando passos, observando gestos. Não, não era isso que eu queria para mim. Mas falar sobre o que eu sentia me aliviou muito. Não sei bem porquê. Talvez pelo simples ato de falar. Talvez.
Agora me sinto mais leve. Quero de volta aquela vontade de dividir a minha vida com você, e não mais o desespero de estar sempre ao teu lado. Quero a alegria a cada gesto de carinho, e não a desconfiança por falta deles. Quero voltar a levar a relação de uma forma tranqüila. E acho que estou voltando a isso. É essa a minha sensação agora. O desequilibrio, o desespero, a desconfiança sempre me incomodaram. Dou lugar de novo à harmonia, ao companheirismo e ao amor sem cobranças.
Volto ao que era antes. O que passou foi só uma fase. Fase nebulosa, mas uma fase.

quarta-feira, setembro 29, 2004

E eu NÃO vou deixar que esse blog vire mural de recados. Era por isso que eu assinava "Uma Menina Qualquer", no início. Não queria ser identificada. Não queria que pessoas conhecidas me descobrissem e ficassem esperando as minhas confissões.
O que eu tenho a dizer, quero dizer cara a cara. Algumas coisas nunca serão ditas, nem aqui, nem cara a cara, nem em lugar algum. Outras deveriam ficar só aqui, nunca chegar ao conhecimento de algumas pessoas. Mas eu acho que, há muito (algo em torno de 1 ano e meio), esse blog perdeu sua destinação...de ser algo secreto.
É engraçado como, relendo esse blog, vi palavras dissimuladas, há mais de um ano. Ele foi mais verdadeiro nesses últimos meses do que nos últimos anos. Não quero mais isso.
Por isso sempre mantive mais 3 blogs SECRETOS paralelamente. Eles andam meio desativados, piores que esse aqui. Mas nada melhor que um lugar secreto para falar de coisas secretas. E nada melhor que um lugar aberto, para declarar coisas que podem ser lidas e estão fortes em mim no momento.
Tava lendo uns comentários bem antigos e li algo do tipo "não demonstre que você ficaria péssima sem ele".
Eu sempre tive uma natureza meio independente de tudo e de todos. Depender de alguém, seja financeiramente, emocionalmente ou em qualquer favor, sempre me incomodou. Eu gosto de me sentir capaz de realizar.
Às vezes eu crio pequenas dependências. Por exemplo? Adoro ter minha avó pra me acordar cedo. Geralmente, é meu irmão que resolve os problemas que eu tenho com o carro, Thaís é minha amiga para os problemas mais dolorosos e muitas outras coisinhas. Adoro essas pequenas dependências. Elas me proporcionam uma ligação mais forte com as pessoas que amo.
Mas eu não sei depender completamente. Meu humor está ligado a essas pessoas, mas não completamente. Minhas atividades dependem dessas pessoas, mas não completamente.
Eu os amo. E ficaria perdida sem um deles por perto, seja meus amigos, minhas amigas, minha família, meu namorado. Mas eu já perdi a pessoa mais importante da minha vida, minha mãe. Acho que, apesar da dor, é possível sobreviver. Isso não diminui o meu amor por nenhum deles.
"Uma tristeza profunda, sem qualquer motivo, causa, nada palpável"
Era isso. Exatamento isso. A médica definiu exatamente o que se passava comigo. Eu estava triste. Meu coração pesava. Minha vida não tinha sentido. Queria morrer.
Mas...por qual razão? Eu não sabia. A vida simplesmente passou a não ter sentido. Meus amigos passaram a ser insignificantes (só uma pessoinha muito legal conseguiu sobreviver a isso e ela me deu uma mãozona), meu futuro passou a ser sem esperança, minha família não tinha mais sentido, meu namorado não me amava mais, nada mais me alegrava.
E pq? Eu não sabia.
De repente, numa tentativa desesperada de me recuperar. Fui pedir ajuda. Mesmo sem confiar em ninguém, naquele momento. E todas as minhas sensações fizeram sentido pra pessoa que estava do outro lado do telefone. Foi tão bom saber que tudo podia ser simples, que havia uma explicação química pra o que estava acontecendo. Uma pílula, de tamanho insignificante, fazendo um estrago na minha vida. Meu organismo não estava se adaptando àquela droga e as conseqüências não eram agradáveis.
Foi por menos de 15 dias, mas pareceu 1 mês. Os estragos poderiam ser maiores. Mas Deus esteve por perto me protegente. Nesses momentos, eu só pensava em morrer, mas sabia que não devia fazer nada contra a minha vida.
Hoje, agradeço a Deus por cada pessoinha que Ele colocou no meu caminho nesse período. Meu namorado, minha amiga Thaís e todos que, sem saber, me pouparam de um sofrimento maior. Agradeço também pelos que descobriram o que estava acontecendo e resolveram me ajudar.
Pode parecer muito simples pra quem está de fora. Mas só eu sei como foi ter pensamentos ruins passando pela minha cabeça durante todos esses dias.
Me sinto nova. Ou melhor, me sinto renovada. Com novas forças. E agradecida pelos que ficaram ao meu lado e tentaram me ajudar todo esse tempo.