terça-feira, setembro 02, 2003

Mais um dia de manifestação dos estudantes. A cidade PAROU! Grande parte das universidades suspenderam as aulas. Pela rádio, ouvi declarações de alguns moradores de Salvador: TODOS eles concordam com as manifestações. Só a Globo, o Correio da Bahia, o *inhecow*prefeito*inhecow* e o *inhecow*governador*inhecow* dizem que não.
Fui obrigada a mudar as minhas características ao lado. Não quero e não vou falar do fim do meu namoro com Rafael. Não tenho clima, não tenho forças, não tenho com quem chorar agora.
Retificando em parte o que disse no post anterior: a policia veio fazer merda. Acabaram fazendo uma pancadaria básica. Bem típico da Polícia Militar da Bahia, submissa até aos pentelhos (pêlos pubianos, não se enganem) de ACM.
Como bem caberia à cobertura do Correio da Bahia (não vou colocar um link para o site desse jornaleco de merda, de propriedade do clã Magalhães), a manifestação foi tida como baderna. Sinto lhes dizer, essa não é a opinião da maior parte da população. Foi uma manifestação e tanto! Sei que atrasou (quero dizer, atraso relativo a tempo cronológico) a vida de muitos, mas trouxe um enriquecimento sem par.
Para não passar de chata, vou colocar a matéria aqui:


Dia de baderna
Estudantes bloqueiam trânsito em vários pontos da cidade e tumultuam a vida da população
Marcos Casé


Estudantes de várias escolas públicas tumultuaram a vida da cidade em nova manifestação/baderna contra o aumento da passagem de ônibus

Dia de caos no trânsito de Salvador. As principais avenidas da cidade ficaram congestionadas e tiveram o trânsito bloqueado devido a protestos de estudantes contra o aumento da tarifa (de R$1,30 para R$1,50), que vigora desde anteontem nos ônibus coletivos de Salvador. As manifestações, que começaram na sexta-feira na Praça Municipal e Estação da Lapa, desta vez foram pulverizadas e quase todos os bairros foram afetados. Quem não pegou engarrafamento teve que esperar por até três horas para conseguir um transporte. O que se viu foram pontos de ônibus lotados, grande filas de veículos e muita gente passando mal dentro de coletivos e carros. Onze ônibus foram depredados durante as manifestações.

Brotas, Plataforma, Rio Vermelho, Centro, Sete Portas, Aquidabã, Barbalho, Piedade, Iguatemi, Itaigara, Avenida Garibaldi, Câmara Municipal e Vale dos Barris foram os locais mais afetados, mas o rastro das manifestações prejudicou não somente os que utilizam o transporte mas a população em geral. Por causas dos transtornos, a Polícia Militar divulgou um nota informando que, a partir de hoje, não vai mais permitir que protestos impeçam o direito de liberdade dos cidadãos, mas no dia de ontem, mesmo com ações exacerbadas dos estudantes, como na Lapa, não foram registrados conflitos ríspidos entre eles e os estudantes. De qualquer modo, os estudantes prometem não esmorecer e marcaram novo protesto para o dia de hoje. Às 13h, haverá uma concentração em frente ao Shopping Iguatemi, de onde partirão em passeata em direção ao Centro Administrativo da Bahia (CAB). Grêmios dos colégios estaduais Manoel Devoto, Rafael Serravale e Thales de Azevedo confirmaram a presença em "mais uma manifestação pacífica", como afirma Isabela Duarte, uma das participantes que estuda no Serravale. Segundo um outro estudante, Lucas Almir Guimarães, a presença da polícia assusta, mas não tira o ânimo do grupo. Para ele, o reivindicação é justa e está tendo apoio da população.

Transtornos - A opinião de Lucas não combina com o dia de caos que Salvador viveu ontem, tampouco com os transtornos sofridos pela comunidade. Marilda Silva de Jesus, 35 anos, moradora de Simões Filho, diz ser consciente que gastará mais devido à nova tarifa de ônibus, mas não acredita que atitudes como essas irão solucionar o problema. "Não adianta, eles não vão baixar o preço assim. Desta forma, quem sai prejudicado é o povão, que acorda cedo, vai trabalhar e quando quer voltar para casa tem que ficar esperando parado no engarrafamento", reclama.

Já conformado com o atraso, o motorista Luiz Lázaro Silva, 32 anos, que faz a linha até Alto de Coutos, acredita que muitos estudantes que bloqueavam seu veículo no Iguatemi não sabiam nem onde fica o destino final de seu coletivo, mas concorda que todos têm o direito de protestar, como também todos tem o direito de chegar em casa. "Peguei às 7h e deveria deixar o trabalho às 14h20, mas estou parado aqui desde às 16h e já são 18h10. Daqui para lá, com o trânsito normal são mais uma hora e 20 minutos. Fazer o quê?", comentou.



Tráfego interditado no Iguatemi


Os estudantes retomaram a baderna no final da tarde de ontem, quando um grupo que protestava na Avenida ACM, em frente ao Shopping Itaigara, resolveu fechar o trânsito também no Iguatemi e Estação Rodoviária. Eles saíram em passeata, atrasando ainda mais o ritmo dos automóveis. No Iguatemi, sentaram na faixa principal de pedestres, interditando a via para os coletivos, enquanto os carros de passeio iam sendo desviados para a pista central. Eram 16h, sendo que o movimento já ocupava as avenida desde às 13h40. Às 18h30, o tráfego foi liberado, mas outra vez fechado às 19h10, com a chegada dos estudantes que estavam na Praça Municipal e Estação da Lapa. Novamente tudo parado, com o agravante de que, desta vez, não passava ninguém. Segundo o comando da Polícia Militar o engarrafamento gerado no Iguatemi foi até a Estação da Lapa, passando pela Avenida Bonocô, atingindo também toda a Avenida ACM e parte da Garibaldi.

Gente que estava há mais de cinco horas presa dentro do próprio veículo começava a abandoná-los para tentar chegar em casa a pé. Muitos carros foram trancados e encostados em cima dos canteiros. Outras tantas passavam mal no interior dos coletivos e dos carros(engraçado que a matéria não se estende nesse ponto. Sabe pq? Pq isso é uma mera SUPOSIÇÃO. Eles não viram um caso, sequer, que provasse ser verdadeira essa afirmativa. Foi só uma tentativa de dar um tom negativo à manifestação.). De acordo com algumas lideranças, a idéia era bloquear qualquer um até às 20h e depois deixar a pista. Não deu certo. Por não ter uma liderança única, os estudantes iam cada vez mais tomando atitudes isoladas, como vaiais, gritarias, socos e pontapés nas portas dos coletivos.

A cada momento surgiam mais pessoas vindas do centro e o movimento ganhou força. A Polícia Militar se limitou a assistir à manifestação. Conversas com os estudantes existiam, mas não davam um resultado objetivo e os progressos surgiam a conta gotas. Primeiro conseguiu-se que carros com pessoas passando mal fossem liberados, depois os motociclistas que tinham entregas. Quando parecia que a pista seria liberada definitivamente, um Fiat Uno tentou furar o bloqueio e alguns estudantes partiram para a ofensiva, atacando o carro com mastros de bandeiras. Neste momento, a PM entrou em ação e prendeu o estudante de direito da Universidade Católica de Salvador (Ucsal) de prenome Luciano, que foi encaminhado à 7ª Delegacia, no Rio Vermelho. Com a prisão, os manifestantes se revoltaram e decidiram só se retirar se o estudante fosse liberado, o que só aconteceu às 21h30, com o tráfego só se normalizando por volta das 22h.
Como boa apreciadora dos movimentos estudantis realmente engajados, eu não poderia deixar de comentar o que aconteceu na minha cidade hoje. Quem mora em Salvador, pode resumir o dia de hoje numa só palavra: caos. Nunca vi nada tão bem articulado, impressionante!
Desde que foi anunciado o aumento da tarifa de ônibus de R$1,30 para R$1,60, que os estudantes de escola pública (vale ressaltar a apatia dos alunos de escola particular) vêm fazendo manifestações. O aumento aconteceu, mas foi um pouco menor. Passou de R$1,30 para R$1,50. Jacaré se conformou? Nem os alunos... Hoje o movimento foi bem mais organizado. Os estudantes pararam algumas das principais avenidas da cidade: ACM, na altura do Itaigara; Garibaldi; Cardeal da Silva; Orla, na altura do Rio Vermelho e várias outras. A cidade praticamente parou. Poucos são os que podem dizer que sairam de casa e não pegaram um congestionamento dos diabos por causa dessas manifestações. Todos os ônibus eram parados, alguns passageiros resolviam descer e voltar a pé para casa. Abria-se uma das faixas da pista para que os carros passassem, enquanto os ônibus ficavam parados nas outras faixas. Sem violência (pelo menos não ouvi qualquer relato), com muito entusiasmo e MUITA, MUITA, MUITA organização. Eu cheguei a pegar uma barricada dessas às 10:30 da noite!! E, para cntribuir, como era pedido pelos alunos, eu buzinei bastante enquanto passava. Foi pequena, mas importante a minha participação...hehehe.
Eu fiquei tão orgulhosa com a mobilização (coisa raríssima na sociedade brasileira), que cheguei a esquecer meus problemas (que não são poucos) de tanta alegria que eu estava! Eu não pude deixar de demonstrar minha felicidade. Para mim, uma sociedade mobilizada é tudo! Sei dos problemas secundários que uma mobilização desse tipo pode trazer, mas percebi que os alunos tentaram, ao máximo, evitar essas conseqüências prejudiciais.
Pude rir, apesar de tudo. Mesmo com um namoro terminado, a saudade de uns amigos que viajaram, um trabalho imenso para entregar essa semana, as provas da semana que vem. Mesmo com tudo isso, eu sorri. Foi bom sorrir!