quinta-feira, janeiro 06, 2005

Em tempos de computação gráfica de primeira, as animações fazem a cabeça de muitos e, principalmente, a minha. Adoro essas coisas lúdicas: desenho animado, história em quadrinhos, quebra-cabeça e afins. Perco horas no Cartoon Network e sou uma saudosista dos desenhinhos dos anos 80 (He-Man, Smurf, Snorkels e outros.)
Num surto corajoso, convenci meu namorado a enfrentar comigo uma seção de cinema, numa quarta à tarde, em tempos de férias escolares. A tarefa foi árdua! Vitor é avesso a multidões, tem pavor de cinema às quartas e não é nada chegado ao tipo de filme que eu propunha: animação.
A chantagem foi baratíssima: "Eu fui assistir 'Meu Tio Matou Um Cara' - filme baaaaaala, recomendo! - só pq vc queria e vc não pode ir comigo assistir 'Os Incríveis'". Além do típico, "ninguém me ama, ninguém quer ir no cinema comigo, tá...eu vou sozinha".
Acostumada a enfrentar filas intermináveis para comprar uma entrada de cinema às quartas, resolvi comprar na noite anterior. Tinha uma fila, mas não há comparação. Algo como Salvador - Feira e Salvador - Tóquio. Dá pra entender? Ingressos em mãos, a nossa tarefa seria chegar um pouco antes do horário da seção.
Chegamos com quase uma hora de antecedência. Afinal, nos dias de hoje (leia-se: "férias, época de fruir o 13º terceiro salário, país em constante crescimento econômico e blá, blá, blá), as vagas no estacionamento do shopping são disputadas a tapa (eu JURO!).
No carro, Vitor me anuncia: Não almocei! Típico do meu pequeno, que acorda ao meio dia e só vai almoçar (não, não é um MERO almoço, mas por motivos didáticos chamaremos assim) lá pras 3, 4, 5, 6, até 7h.
Entrando no shopping, o esperado não aconteceu! O shoping não estava cheio, estava LOTADO, com todas as letras em maiúsculo, negrito, sublinhado, o escambau. Namorado ruma para a Bob's, para adquirir nosso nutritivo e indispensável MilkShake de Ovomaltine com um Big Bob's só pra ele. Eu rumei para as filas de entrada nas salas do cinema. Fiquei ali, ao lado de mamães e papais, todos desesperados para que a entrada fosse liberada. O barulho era enlouquecedor e andar por aquele mar de gente era tarefa árdua, ainda mais para as mamães e os papais que chegavam a carregar 4, 5, 6 rebentos (tá...em dias de planejamento familiar, devia ser 2 rebentos, 2 afilhados e 2 sobrinhos ou algo assim).
Arranjei um lugarzinho logo no começo da fila. Pelo que vi de início, eu era a quarta. Que nada! Apareceram tantas crianças e adolescentes na minha frente, assim que liberaram a entrada! Parecia uma multiplicação em massa, meiose, mitose (qual dos dois reproduz mais mesmo, hein?!).
Entrada liberada, conseguimos um lugarzinho na ponta direita da última fila. Do meu lado direito, meu namorado, do lado esquerdo, uma cadeira vazia que me renderia vários pedidos de licença para sentar na dita cuja. Parecia maldição ou algo do tipo, várias pessoas sentaram ali, mas nenhuma ficava satisfeita e acabava pedindo licença de novo, para sair da fila e procurar outro lugar. O filme começou e, numa seção CHEIA de crianças, vários comentariozinhos, gritinhos, sorrisinhos, atormentos, palavras incompreensíveis e mães tentando acalmar suas pestinhas. De todas as crianças do cinema, acho que a única que ficou quietinha foi a que veio parar do meu lado esquerdo, sentadinha no colo da avó, tia, madrinha, amiga, prima distante, não sei bem o grau de parentesco entre eles.
No início, um susto: uma animação bem fofinha, mas muito bobinha para um casal de namorados na maturidade dos seus 21 anos. Vitor chegou a perguntar (ironicamente, claro!): Vc tem certeza que estamos no filme certo?
Quanto ao filme?! Bem, acho que aproveitei mais a jornada para chegar à sala de cinema do que o filme em si. É legal. Mas em algumas partes fica meio chatinho. Dá pra soltar umas risadinhas, mas nada muito empolgante (essa é a MINHA opinião!). Eu achei a cara de Pequenos Espiões 1, 2 e 3D!
Disso tudo, o que vale é não perder o espírito de criança e saber levar essas situações com tranqüilidade. O bom foi rir dos meninos que faziam comentários bobos. Do tênis do guri que piscava o tempo todo, atrapalhava o filme, mas era engraçado. O bom foi pegar quem eu amo e mostrar: "Somos adultos, mas nem por isso precisamos ser sérios! Além das coisas boas, vamos aproveitar as coisas bobas da vida?! Elas também são legais!"

quarta-feira, janeiro 05, 2005

2004 foi um ano de mudanças muito profundas e, por isso, merece um resumo, ainda que superficial:
- Acabou-se (afinal de contas, nem ele acabou nem eu acabei) um namoro forte de tempos. E foi um fim definitivo, pela primeira vez em dois anos e meio.
- Eu me vi obrigada a me reerguer e, dessa vez, preferi que fosse sozinha.
- Procurei uma terapeuta para um auto conhecimento e para trabalhar coisas já arraigadas em mim.
- Comecei a me conhecer melhor e a separar o que é meu do que é da minha família.
- Me descobri uma menina mais leve, que gosta das coisas harmoniosas, que procura amor em tudo e que, ainda assim, tem medo de amar e ser amada.
- Tomei um grande porre, em meados de maio (eu já tinha embebedado antes, mas não ao ponto de não conseguir chegar no carro, pegar o volante e dirigir).
- Fiz duas grandes viagens. Uma entre amiga e ex-amiga, para Fortaleza. Outra com pai e irmão, para Buenos Aires.
- Roubei um ficante de uma colega de sala.
- Me descobri apaixonada por essa figura divertida, alta, carinhosa, boba.
- Fiz uma festa de aniversário muito gostosa. Um churrasco, à noite, entre amigos.
- Fiquei amiga de 4 figurinhas da faculdade que mudaram muita coisa em mim.
- Comecei um novo namoro. Gostoso, divertido, cheio de altos e baixos, risos e choros, prazeres e sofrimentos. Completados 7 meses, no último dia 20.
- Viajamos juntos para uma praia.
- Tive crises terríveis de TPM, depressão ou algo que o valha.
- Comecei um tratamento com uma psiquiatra, mas com remédios fracos, que já foram substituídos por remédios naturais.
- Engordei 8Kg, desde que comecei a namorar.
- Troquei a armação do meu óculos, passei a ter uma cara de jornalista mesmo.
- Ganhei os 3 CD's originais do Los Hermanos, depois de ter recebido os 3 em cópias piratas, direto de Fortal. Ganhei um CD pirata de Seu Jorge, que nunca mais voltou a minha mão. Um CD de Jewel. Um DVD de Nação Zumbi. Entre outros.
- Conheci pessoas muito legais, do círculo de amizade do meu digníssimo namorado.
- Ganhei dele um celular de presente de Natal.
- Fui, pela primeira vez, a um estádio.
- Vi meu time ganhar algumas vezes e perder uma vez, o que lhe custou uma vaguinha na 1ª divisão.
- Aprendi a compartilhar meus planos com outra pessoa.
- Tive medo de olho grande e continuo tendo.
- Chorei nos braços dele. De saudade de quem me trouxe ao mundo, por causa dele e por motivos variados.
- Gritei, briguei, comprei sapatos, fiz mechas douradas no cabelo.
- Viajei no carnaval para um lugar tranqüilo e no São João para um lugar agitado.
- Passei seis meses sem comer Bib's Gateou.
- Conheci o sofrimento de se sentir traída. Tentei superar, aliás tento até hoje.
- Aprendi a ser fiel.
- Assisti muito Rock Gol na MTV.
- Comprei uma bolsa verde que eu adooooooooro.
- Aliás, descobri no verde a minha cor preferida.
- Comecei um curso de editoração.
- Comprei uma agenda laranja e uma sandália rosa no último dia do ano.
- Decidi que quero morar sozinha.
- Ouvi e aprendi de samba como nunca tinha feito na minha vida inteira.
- Percebi de vez que ODEIO cerveja.
- Terminei uma amizade.
- Vi uma amiga-irmã perder alguém que amava muito.
- Vi pessoas traindo e sendo traídas.
- Passei a usar biquini, ao invés de maiô, por insistência do digníssimo.
- Fui a um motel pela primeira vez na vida.
- Larguei uma matéria de uma das faculdades.
- Passei direto na outra.
- Passei a virada de ano num clube, com um vestido verde de detalhe branco e rosa, acompanhada do meu namorado, que tb estava de verde, e outros amigos. Fomos considerados "os verdinhos".
Muitas coisas aconteceram. Algumas foram tão intensas, que nunca poderão ser externadas. Outras tão internas, que se escondem até de mim. Uma coisa é certa: esse foi um ano de grandes mudanças, grandes alegrias e insistentes tristezas para mim.