Em tempos de computação gráfica de primeira, as animações fazem a cabeça de muitos e, principalmente, a minha. Adoro essas coisas lúdicas: desenho animado, história em quadrinhos, quebra-cabeça e afins. Perco horas no Cartoon Network e sou uma saudosista dos desenhinhos dos anos 80 (He-Man, Smurf, Snorkels e outros.)
Num surto corajoso, convenci meu namorado a enfrentar comigo uma seção de cinema, numa quarta à tarde, em tempos de férias escolares. A tarefa foi árdua! Vitor é avesso a multidões, tem pavor de cinema às quartas e não é nada chegado ao tipo de filme que eu propunha: animação.
A chantagem foi baratíssima: "Eu fui assistir 'Meu Tio Matou Um Cara' - filme baaaaaala, recomendo! - só pq vc queria e vc não pode ir comigo assistir 'Os Incríveis'". Além do típico, "ninguém me ama, ninguém quer ir no cinema comigo, tá...eu vou sozinha".
Acostumada a enfrentar filas intermináveis para comprar uma entrada de cinema às quartas, resolvi comprar na noite anterior. Tinha uma fila, mas não há comparação. Algo como Salvador - Feira e Salvador - Tóquio. Dá pra entender? Ingressos em mãos, a nossa tarefa seria chegar um pouco antes do horário da seção.
Chegamos com quase uma hora de antecedência. Afinal, nos dias de hoje (leia-se: "férias, época de fruir o 13º terceiro salário, país em constante crescimento econômico e blá, blá, blá), as vagas no estacionamento do shopping são disputadas a tapa (eu JURO!).
No carro, Vitor me anuncia: Não almocei! Típico do meu pequeno, que acorda ao meio dia e só vai almoçar (não, não é um MERO almoço, mas por motivos didáticos chamaremos assim) lá pras 3, 4, 5, 6, até 7h.
Entrando no shopping, o esperado não aconteceu! O shoping não estava cheio, estava LOTADO, com todas as letras em maiúsculo, negrito, sublinhado, o escambau. Namorado ruma para a Bob's, para adquirir nosso nutritivo e indispensável MilkShake de Ovomaltine com um Big Bob's só pra ele. Eu rumei para as filas de entrada nas salas do cinema. Fiquei ali, ao lado de mamães e papais, todos desesperados para que a entrada fosse liberada. O barulho era enlouquecedor e andar por aquele mar de gente era tarefa árdua, ainda mais para as mamães e os papais que chegavam a carregar 4, 5, 6 rebentos (tá...em dias de planejamento familiar, devia ser 2 rebentos, 2 afilhados e 2 sobrinhos ou algo assim).
Arranjei um lugarzinho logo no começo da fila. Pelo que vi de início, eu era a quarta. Que nada! Apareceram tantas crianças e adolescentes na minha frente, assim que liberaram a entrada! Parecia uma multiplicação em massa, meiose, mitose (qual dos dois reproduz mais mesmo, hein?!).
Entrada liberada, conseguimos um lugarzinho na ponta direita da última fila. Do meu lado direito, meu namorado, do lado esquerdo, uma cadeira vazia que me renderia vários pedidos de licença para sentar na dita cuja. Parecia maldição ou algo do tipo, várias pessoas sentaram ali, mas nenhuma ficava satisfeita e acabava pedindo licença de novo, para sair da fila e procurar outro lugar. O filme começou e, numa seção CHEIA de crianças, vários comentariozinhos, gritinhos, sorrisinhos, atormentos, palavras incompreensíveis e mães tentando acalmar suas pestinhas. De todas as crianças do cinema, acho que a única que ficou quietinha foi a que veio parar do meu lado esquerdo, sentadinha no colo da avó, tia, madrinha, amiga, prima distante, não sei bem o grau de parentesco entre eles.
No início, um susto: uma animação bem fofinha, mas muito bobinha para um casal de namorados na maturidade dos seus 21 anos. Vitor chegou a perguntar (ironicamente, claro!): Vc tem certeza que estamos no filme certo?
Quanto ao filme?! Bem, acho que aproveitei mais a jornada para chegar à sala de cinema do que o filme em si. É legal. Mas em algumas partes fica meio chatinho. Dá pra soltar umas risadinhas, mas nada muito empolgante (essa é a MINHA opinião!). Eu achei a cara de Pequenos Espiões 1, 2 e 3D!
Disso tudo, o que vale é não perder o espírito de criança e saber levar essas situações com tranqüilidade. O bom foi rir dos meninos que faziam comentários bobos. Do tênis do guri que piscava o tempo todo, atrapalhava o filme, mas era engraçado. O bom foi pegar quem eu amo e mostrar: "Somos adultos, mas nem por isso precisamos ser sérios! Além das coisas boas, vamos aproveitar as coisas bobas da vida?! Elas também são legais!"
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