Não o considerava belo aos olhos. Inicialmente, desconfiei que tua escolha sexual não se encontraria com a minha, que tua preferência não era pelo gênero mulher (feminino parece-me tão impessoal). Era 30 de dezembro. 2010 se acabava e eu desejava que as ilusões construídas nesse período também se fossem.
Entre os dias 31 e 1º não nos encontramos. Mas eu falei de você. No dia seguinte ao que te conheci, comentei com entusiasmo. As perguntas que te fiz - e que só apareceram porque eu não tinha interesse - haviam me conduzido para descobrir quão interessante és. Mais velho, já foste casado, cozinhas bem, moraste na Europa. Tens belos olhos verdes, cabelo grosso, barba cerrada e uma serenidade que teus 35 anos de vida te deram.
No primeiro domingo de janeiro, a alegria de falar contigo através de uma dessas redes sociais que nos mantém ocupados com o desnecessário. Conversa, um cinema marcado, a troca de tortas. Demoramos a nos beijar, mas a conversa fluiu tão bem. Inicialmente, eu me encontrava entre os receosos. Parecia tão interessante, inteligente, mais velho, mais vivido, mais cheio de coragem. E eu babava.
Babei nossas conversas por muitos dias. Trocamos beijos, carinhos, carícias, falamos de teoria, sonhos. Tão iguais e tão diferentes. Sonhos de Europa (mais uma vez para ele, um início pra mim), não estar preso a lugares, viver intensidade, estudar, saber mais: artes, lugares, pessoas. Sua mania meticulosa não me cabe, não sou menina da cozinha, não tenho um senso estético tão apurado, não tens meu senso de humor - bem amplo, escrachado.
Já acabou.
Meu tchau. Triste tchau.
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